Inflação desacelera em junho com queda nos alimentos, mas conta de luz pressiona índice
- Bancários Sorocaba
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O mês de junho registrou a primeira queda nos preços dos alimentos após nove meses consecutivos de alta. Essa retração ajudou a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a desacelerar pelo quarto mês seguido, fechando o mês com alta de 0,24%. Apesar disso, a conta de luz puxou o índice para cima, sendo o item com maior impacto no período.
A energia elétrica subiu 2,96% em junho, pressionada pela adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 1, que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. Esse aumento representou impacto de 0,12 ponto percentual no IPCA. Sem a energia elétrica, o índice teria ficado em 0,13%, segundo o IBGE.
Mesmo com a desaceleração nos últimos meses — março (0,56%), abril (0,43%), maio (0,26%) e junho (0,24%) — a inflação acumulada em 12 meses ainda é alta, somando 5,35%. O número segue acima do teto da meta do governo, de 4,5%, pelo sexto mês consecutivo. O pico do ano foi registrado em abril, com 5,53%.
Alimentos recuam após nove meses de alta
O único dos nove grupos pesquisados pelo IBGE a registrar queda foi o de alimentos e bebidas, com recuo de 0,18%, contribuindo com -0,04 p.p. no índice geral. A queda foi puxada pela redução de preços da alimentação no domicílio (-0,43%), influenciada pela maior oferta de produtos agrícolas da safra atual.
Itens como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%) foram os que mais contribuíram para a redução. Por outro lado, o café subiu 0,56% no mês, mas bem abaixo da alta de 4,59% registrada em maio. Em 12 meses, o café acumula alta de 77,88%. A alimentação fora do domicílio também desacelerou, passando de 0,58% em maio para 0,46% em junho.
Energia elétrica lidera as altas
A energia elétrica foi o principal fator de pressão inflacionária no mês, com alta de 2,96%. Além da bandeira vermelha, reajustes foram registrados em diversas capitais, como Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. A escassez hídrica e a previsão de maior uso de termelétricas, mais caras, agravam o cenário.
Transportes: alta com destaque para apps
O grupo transportes teve alta de 0,27% (impacto de 0,05 p.p.), puxada especialmente pelo aumento de 13,77% nos serviços de transporte por aplicativo. Os combustíveis, por outro lado, caíram 0,42%, contribuindo para conter uma alta maior do grupo.
Outros grupos
Os demais grupos tiveram variações discretas:
Habitação: 0,99% (0,15 p.p.)
Vestuário: 0,75% (0,04 p.p.)
Despesas pessoais: 0,23% (0,02 p.p.)
Comunicação: 0,11% (0,01 p.p.)
Saúde e cuidados pessoais: 0,07% (0,01 p.p.)
Artigos de residência: 0,08% (0,00 p.p.)
Educação: 0,00% (0,00 p.p.)
O índice de difusão — que mede o percentual de itens com alta de preços — foi de 54%, o menor desde julho de 2024 (47%). Em abril deste ano, o índice chegou a 67%.
INPC também desacelera
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, fechou junho em 0,23% e acumula 5,18% em 12 meses.
A principal diferença entre os dois índices é o peso dado a cada grupo de consumo. No INPC, os alimentos têm maior participação (25%), refletindo o impacto mais direto sobre as famílias de menor renda. Por outro lado, itens como passagens aéreas têm menor peso do que no IPCA.
O INPC é utilizado como referência para reajustes salariais de diversas categorias profissionais ao longo do ano.
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