Editorial escrito pelo pres. do Seeb Sorocaba baseado no texto de mesmo gênero escrito por Celso Ming e publicado no Jornal Cruzeiro do Sul em 07 de maio de 2024
Falar do movimento sindical usando por base o que o Brasil foi e o período após a pandemia é o mesmo que analisar um time da primeira divisão, jogando contra um time da terceira divisão, com pouco recurso monetário e jogadores que prestam serviços de dia para jogar a noite.
No texto longo, a crítica feita ao movimento sindical não faz jus as conquistas e, nem de longe, traduz o momento que vivemos com a polarização política brasileira, muito menos com respeito ao poder financeiro que compra tudo o que vê, controla tudo o que negocia e desvaloriza diariamente a mão de obra.
Quando se fala em modernização ou utilização dos meios eletrônicos, a primeira iniciativa patronal é demitir, quando em nosso ponto de vista seria para tirar proveito disso e somar com a mão de obra física, valorizar o ser humano e não o descartar.
Quando todas as conquistas são obtidas por meio de mesas de negociações, independente de categoria profissional, politicamente a classe patronal tira proveito de seus eleitos para promover mudanças nas leis, retirando os benefícios nas populares “canetadas”. Vejamos como exemplo a terceirização da mão de obra, que fragilizou o trabalhador, retirou direitos, barateou e propiciou o descarte da mão de obra, sem o mínimo de reconhecimento. Mas, para o patronato, foi um passo fundamental para alavancar seu ganho e a sua lucratividade.
Na categoria bancária a terceirização criou empresas prestadoras de serviços, que trocam os prestadores de serviços como trocamos de roupa, diariamente. Quando criaram os correspondentes bancários, falava-se em aproximar o brasileiro dos bancos, promovendo a "bancarização" por todo o País, mas o que vimos foi a invasão destes prestadores de serviços aqui na região Sudeste, onde ironicamente os bancos concentram suas agências. Lá no Norte/Nordeste a coisa não avançou como prometeram e chegou criar um barco/banco, que navega rios de tempos em tempos, promovendo filas intermináveis de usuários que devem se sentir privilegiados por tal atitude.
Depois, fala do imposto sindical como se fosse o fim do mundo ou uma forma de "roubo", ignorando o trabalho de base, as estruturas mantidas a disposição das categorias, dos profissionais jurídicos que defendem o trabalhador das sucessivas agressões sofridas diariamente e dos gastos em benefício do coletivo, como jornais, internet, meios eletrônicos, funcionários, jornalistas, facilitadores, advogados, que também sustentam as federações e confederações que negociam diretamente com a classe patronal.
Se não fosse por este sustento de base, não teríamos ou não tomaríamos conhecimento dos altos lucros obtidos pelas instituições financeiras, que custeiam a folha de pagamento de todos os seus funcionários somente com as tarifas bancárias pagas pelos clientes e quase pagando uma segunda folha, todos os meses!
Não tenho pretensão de justificar os problemas do mundo, falo por conhecimento de nossa categoria profissional que perde 5 vagas de trabalho a cada máquina de autoatendimento instalada há mais de 3 décadas. Hoje, todo empreendedor aconselha o trabalhador a ser seu próprio patrão, promove rixas internas, desunião, divergências nos locais de trabalho com o intuito de direcionar o jovem a ser individualista, de não ter o espírito coletivo, de procurar ser o melhor dos melhores para ocupar aquela única vaga no topo da pirâmide e desprezar aqueles que ficarem embaixo de seus pés.
Um economista que se disse ministro de governo considerou um absurdo o pobre querer visitar a Disney, viajar de avião, ter direito comer carne, ter lazer em família e achatar o já miserável salário mínimo, que minimamente teria que ser 4 vezes maior como nas grandes potências, e o Brasil é uma grande potência, só precisa deixar de ser desigual, quando 4% da população detém 90% da riqueza do País.
Diz um conto brasileiro que um vendedor de cachorro-quente fez de tudo para formar seu filho num economista, e que já formado, dizia ao pai que ele não precisa colocar bons produtos em seus lanches porque o país atravessava um período crítico e o comércio andava muito mal. O pai acreditando no filho formado passou usar produtos de baixa qualidade e seu movimento foi diminuindo, a arrecadação caindo, até que acabou por fechar seu negócio, dizendo todo orgulhoso “meu filho é um ótimo profissional, conseguiu ver com antecedência que as coisas não estavam bem!”
Dependendo da sua posição ou da posição social que você ocupa, pode ver o mesmo copo, meio cheio ou meio vazio. Os extremistas estão dominando as nações com pregações negativas, defendendo o individualismo e criticando a pobreza. Com respeito ao “copo”, qual sua visão?
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