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Serviços crescem 1,7% mas ainda ficam longe do patamar pré-pandemia

Segundo IBGE, alta em outubro foi puxada por TI e alojamento e alimentação


Setor com recuperação mais lenta desde a reabertura da economia, os serviços apresentaram alta de 1,7% em outubro, informou nesta sexta (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi a quinta alta seguida, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas da pandemia.

Após o resultado de outubro, diz o IBGE, o volume de vendas dos serviços ainda está 6,1% abaixo do registrado em fevereiro, último mês antes do fechamento de atividades importantes desse setor, como bares, restaurantes, lazer e turismo, que levou a um tombo de 19,8% entre fevereiro e maio.

De acordo com o IBGE, desde que começou a recuperação dos piores meses da pandemia, o setor de serviços acumula crescimento de 15,8%.

Maior empregador do país, o setor de serviços é considerado fundamental para acelerar a retomada econômica após a pandemia. Com o crescimento recente dos casos de Covid-19, porém, sua recuperação pode ser novamente ameaçada por novas medidas restritivas.

"Esse caráter presencial da prestação dos serviços funciona como um limitador da recuperação mais rápida da atividade", disse o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo.

Quatro das cinco atividades pesquisadas cresceram em outubro, com destaque para Serviços de informação e comunicação (2,6%), que já opera acima do patamar pré-pandemia. Só o grupo Outros serviços (-3,5%) teve taxa negativa, devolvendo parte do ganho de 19,2% acumulado nos últimos quatro meses.

Entre os setores mais afetados pela pandemia, Transportes, armazenagem e correios cresceu 1,5%, o sexto mês consecutivo de alta. Serviços prestados às famílias, onde estão bares restaurantes e hotéis, por exemplo, avançou 4,6%, na terceira alta seguida.

Entre as contribuições individuais à taxa, os seriços de alojamento e alimentação cresceram 6,4% no mês, acumulando alta de 80,4% desde o pior período da pandemia. Ainda assim, precisaria crescer 47,6% para retomar o patamar anterior à crise.

Segundo Lobo, foi um segmento que sentiu muito as restrições ao isolamento em março e abril. "De lá para cá, na medida em que as pessoas vão se sentindo mais seguras [para frenquentar hoteis ou restaurantes], mês a mês a receita dessas empresas vão crescendo um pouco."

​Já o índice de atividades turísticas avançou 7,1% frente ao mês imediatamente anterior, sexta taxa positiva seguida, com ganho acumulado de 102,6%. Mas o segmento ainda precisa avançar 54,7% para retornar ao patamar de fevereiro.

Na comparação com outubro de 2019, o volume de serviços recuou 7,4%, oitava taxa negativa nessa base de comparação. Neste caso, apenas Outros serviços — grupo que inclui serviços financeiros, de seguros e de coleta de resíduos — avançaram.

Mais dependentes do contato social, os serviços ainda têm recuperação menor que outros setores da economia: comércio e indústria tiveram em outubro sua sexta alta consecutiva e já se encontram em patamares acima dos verificados antes da pandemia.

O setor de Serviços acumula queda de 8,7% em 2020 e, segundo Lobo, "fatalmente" terminará o ano com a queda mais intensa desde o início da pesquisa, em 2011. "Teria que ter uma taxa estratosférica [para recuperar as perdas] e isso é inimaginável."

Ele lembrou ainda que o repique no número de casos pode se refletir em aumento do receio das pessoas em frequentar atividades presenciais. "E pode ser que haja restrição a alguma delas, com alguma dificuldade maior para as empresas de setor."

De fato, algumas prefeituras já vêm impondo novas restrições ao funcionamento de atividades do setor. Festas de Natal e fim de ano, que costumam impulsionar o turismo, estão sendo canceladas em diversas cidades do país.

Empresários alertam que, se o fechamento total das lojas, bares e restaurantes for aplicado novamente, a projeção é que as empresas de médio e pequeno porte possam sofrer um novo sufoco financeiro, com risco elevado de aumento de falências e demissões.


Folha de SP

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