Ações doadas não tornam bancário responsável pelo BB
- Sindicato dos Bancários

- 13 de dez. de 2022
- 3 min de leitura
Movimento sindical alerta sobre medida unilateral da direção do banco.
No dia 09 de agosto, os bancários do Banco do Brasil receberem três ações do banco. A novidade, anunciada pelo presidente da instituição, Paulo Rogério Cafarelli, à imprensa comercial, abrangeu todos os 98.416 funcionários da ativa. E, segundo ele, é parte de um plano de incentivo de resultados que representa mais R$ 9,6 milhões em ações. “Mais do que o valor em si, é que a gente vai poder comunicar que todo empregado é também dono da empresa. Nosso mote agora, nossa campanha é que no Banco do Brasil você é atendido pelo dono”, disse Caffarelli em entrevista à Você S/A. Os “donos” do banco, no entanto, não podem vender as três ações até se aposentarem ou saírem do BB. A ação fica custodiada pelo banco sob o CPF do servidor e, enquanto estiver na ativa, obrigatoriamente ele tem de ser acionista. “Três ações é muito pouco, representa pouco mais de R$ 90”, afirma Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB). “E essa historia de ser atendido pelo dono, já deixamos claro: não iremos aceitar aumento de pressão sobre os funcionários", completa. "Vale destacar ainda que nada foi negociado com o movimento sindical, que está em plena discussão com a direção do banco, na Campanha Nacional 2018. Mesmo com a negociação em aberto, o banco soltou uma medida exclusiva da parte dele com um valor irrisório de três ações”, critica o dirigente sindical. Outros duzentos Wagner lembra que quando o BB lançou essa ideia de distribuir as ações, no mês passado, todo mundo criou expectativas do que seria. “A iniciativa de distribuir ações para os funcionários não é uma coisa ruim e nós já cobramos isso do banco. Em 2008, quando o BB completou 200 anos, fizemos uma proposta de doar 200 ações para cada funcionário", comentou. "Acabou que, por conta de questões de regulação junto à CVM e demais órgãos de controle, o BB não conseguiu viabilizar essa distribuição de ação à época e deu um bônus de R$ 1.300 para cada funcionário assim que foram encerradas as negociações da Campanha Nacional 2008. Isso representava cerca de 90 ações quando foi creditado no início de novembro de 2008. O preço estava em torno de 16 reais à época”, relata Wagner. “O que tem de grave agora é que o governo reduziu sua participação no banco ao longo do tempo, vendeu ações do fundo soberano recentemente e, pulverizar mais ações, de certa forma, está valorizando o funcionário, mas também é uma maneira de privatizar mais o banco”, critica o dirigente. Cafarelli afirmou ainda que a participação nas ações do banco pode aumentar ao longo dos anos, já que outra mudança foi anunciada: os servidores receberão metade do bônus semestral (por meio do Plano de Desempenho Gratificado, premiação vinculada ao resultado e ao desempenho dos funcionários participantes) em ações. A outra metade é por crédito no cartão Alelo, empresa que tem como sócios o BB e o Bradesco. As ações que o funcionário receber pelo PDG, conforme o seu desempenho, poderão ser monetizadas imediatamente ou ele poderá ir criando a sua carteira de ações do banco. “Os sindicatos e a CEBB acompanharão isso de perto, para que não seja mais um motivo para aumentar a cobrança por metas abusivas”, completa Wagner Nascimento. Plano de saúde "Nesse mesmo momento, em que doa 3 ações para cada funcionário, no valor de aproximadamente R$ 95, o BB afirma ser necessária a cobrança de R$ 200 a R$ 300 por dependente, para superar o déficit da Cassi. Por que, então, o banco não reverte esse valor para o Plano de Saúde em vez de onerar os associados? A Cassi é muito mais importante para os funcionários do que ser dono de uma parte ínfima do banco!", acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região, Alessandro Garcia.
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