A menor captação eleva os preços, que subiram 34% no primeiro semestre

A inflação dos alimentos voltou a subir, e o aumento vai sendo intercalado entre diversos produtos durante o ano. Foram as carnes, óleo de soja, cereais e agora volta o leite.
Nos últimos 30 dias, os preços desse produto e de alguns de seus derivados subiram 5% para os paulistanos. Essa alta ajudou a taxa média de inflação do setor de alimentos a saltar para 0,84% no período.
Se permanecer nesse patamar até o final do mês, será a maior desde janeiro. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
A alta dos preços do leite para o consumidor reflete uma série de pressões no campo. Há uma redução na oferta do produto devido à forte seca em algumas regiões produtoras, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Além disso, os elevados custos, provocados pelo dólar, aumentaram o valor dos insumos de produção, retirando a competitividade de muitos produtores.
Parte deles, devido a esses custos, deixou de fazer investimentos na atividade, o que ajuda a reduzir ainda mais a oferta do produto no mercado.
O dólar, ao mesmo tempo em que força uma alta nos custos de produção, incentiva as exportações.
As vendas externas deste primeiro semestre foram 46% superiores às de igual período de 2020.
Já as importações ainda são superiores às de janeiro a junho de 2020, mas perderam fôlego perante as de julho a dezembro do ano passado, registrando queda de 41%.
O litro do leite, que está a R$ 2,20 no campo, tem uma evolução acumulada de 34%, na média de janeiro a junho últimos, em relação a igual período de 2020, segundo o Cepea.
E as altas não param por aí. Os dados deste mês já indicam que a valorização do leite continuará no campo, e o produtor deverá receber 5% a mais neste mês para o leite entregue às indústrias em junho.
Apesar desse aumento no campo, muitos produtores perderam margem. Segundo os analistas do Cepea, as indústrias, apertadas pela queda de renda dos consumidores e pelas vendas menores no varejo, regulam os repasses para os produtores.
A alta dos preços dos grãos e dos insumos, esta última provocada pelo dólar, fez com que os custos do produtor, na média nacional, subissem 11,5% nos seis primeiros meses deste ano, em relação ao primeiro semestre de 2020.
Efeito clima Milho e soja voltaram a subir em Chicago. O contrato de novembro da oleaginosa foi a US$ 13,90, com alta de 1,24% nesta terça-feira (20). O contrato de dezembro do milho subiu para US$ 5,66, com aumento de 2,54% no dia.
Milho Com seca e geada, a produção do cereal deverá recuar para 9,8 milhões de toneladas no Paraná na segunda safra, 20% menos do que o volume do ano passado. Os dados são do Deral (Departamento de Economia) da Secretaria de Agricultura do Paraná.
Milho 2 A primeira safra, a de verão, já havia sido menor do que o previsto. A produtividade média caiu para 8.344 quilos por hectare neste ano, abaixo dos 10.017 de igual período anterior.
Trigo A produção deste cereal mostra aumento. O Deral projeta 3,9 milhões de toneladas para este ano, 22% a mais do que no ano passado. A produção total de grãos do Paraná deverá recuar para 38 milhões de hectares na safra 2020/21, abaixo dos 41,2 milhões do período anterior.
Trigo 2 A falta de chuva prejudica o plantio de trigo no Rio Grande do Sul. Os bons preços do cereal, no entanto, fizeram com que a área de plantio subisse para 1,1 milhão de hectares no estado, o que poderá render até 3,3 milhões de toneladas, segundo a FecoAgro.
Folha de SP
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