Responsável por realizar 70% dos sonhos de casa própria do povo brasileiro, a CAIXA está ameaçada e precisa do apoio da sociedade. Esta foi a tônica da entrevista que o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, concedeu hoje (9) ao jornalista Leonardo Attuch, à TV 247. "Se falarmos da população de baixa renda, os financiamentos habitacionais avançam ao patamar de 90%. Com o desmonte da CAIXA, não haverá substituto para esta demanda, pois os bancos privados não atendem esta faixa", sustentou Jair.
"Desinvestimento" é a figura de linguagem que o governo tem utilizado para justificar a venda de partes importantes do banco, como loterias, seguros e cartões. Na prática, isso significa privatizar o único banco 100% público do Brasil, que completa 159 anos no próximo domingo (12) com histórica função social. "O movimento iniciado pela atual gestão é vender pedaços do banco. Mas a CAIXA é da população", reforçou Jair durante o bate-papo, realizado via YouTube, com a participação de internautas. Desmonte em curso De acordo com Jair, a CAIXA vendeu R$ 15 bilhões de ativos em 2019. Ou seja, recursos da empresa foram repassados de mão beijada ao mercado. "Isso certamente fará falta, porque banco vive de emprestar dinheiro. Então, se você começa a tirar aquilo que te dá suporte, você diminui a sua capacidade de novos negócios", explicou. A conta de venda da CAIXA não fecha por uma questão simples: o banco não está em crise. Ao contrário: gera e distribui lucros. No terceiro semestre de 2019, a empresa teve um lucro de R$ 8 bilhões. Em 2018, o lucro líquido contábil foi de R$ 10,355 bilhões. "Nos últimos 15 anos, a CAIXA financiou 4 milhões de moradia do programa Minha casa, Minha vida. Hoje nós ainda temos um déficit habitacional de 6 milhões de famílias sem moradia. Encolher o banco é diminuir a sua capacidade de atendimento. Para a parte da população que tem dinheiro, sempre haverá uma alternativa. Mas a nossa principal preocupação é com a parcela da sociedade que mais precisa". Segundo Jair, de 2003 a 2015, a CAIXA praticamente dobrou a quantidade de agências, especialmente nos pequenos municípios, sempre à serviço dos interesses da população com menos acesso às políticas públicas. Além disso, a privatização de fachada visa tirar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) da CAIXA - fonte de financiamento da casa própria e do acesso à faculdade com o Fies. "Tem como quantificar a perda de não conseguirmos mais que nossos filhos frequentem a universidade?", questionou. O presidente explicou que parte do dinheiro arrecadado com as loterias é aplicado no esporte, na cultura e na segurança. "Já perdemos 20 mil vagas de trabalho dentro da Caixa. A esta altura do campeonato, não precisamos mais fazer o debate ideológico. O voto é um direito e, independente de em quem o empregado votou na eleição 2018, todo mundo está vendo a redução do banco". Mobilização nacional Nesse sentido, pontuou Jair, a campanha nacional #aCaixaétodasua, lançada ano passado, está conquistando adesões. A iniciativa visa chamar a atenção dos empregados do banco público e da população para os prejuízos que a venda de partes da empresa trará para a sociedade. Na próxima segunda-feira (13), empregados da Caixa se unem a entidades defensoras do banco para um Dia de Luta em todo o país. "É importante que as pessoas se informem e conversem com seus familiares, associações comunitárias, igrejas e grupos sociais que frequentam. A ameaça é real e os danos podem ser irreversíveis", alertou Jair.
Fonte: Fenae