Bancos listam seis técnicas utilizadas por criminosos para limpar a conta dos seus clientes
Diante do investimento pesado dos bancos em tecnologia para evitar fraudes —cerca de R$ 2 bilhões ao ano—, golpistas têm se especializado em driblar o ponto mais vulnerável do sistema: você.
Cerca de 70% das fraudes aplicadas contra clientes de instituições financeiras resultam do método conhecido como engenharia social, composto por técnicas de convencimento utilizadas por criminosos para induzir o consumidor a fornecer dados pessoais e senhas, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Telefonemas de falsos funcionários de bancos, sites que imitam páginas oficiais de compras online, mensagens por aplicativos como o WhatsApp ou até mesmo pessoalmente.
Independentemente da forma de contato, os fraudadores dispõem de recursos para passar a sensação de confiança para convencer o consumidor a fornecer seus dados.
“Os fraudadores entram em contato com as pessoas usando de diversos artifícios que fazem com que as vítimas acreditem que estão falando com alguém do banco”, afirma Walter Faria, diretor-adjunto de operações da Febraban.
As possibilidades de fraudes por meio da engenharia social são amplas, mas, segundo a federação, existem seis tipos de golpes mais frequentes: clonagem do WhatsApp para pedir dinheiro emprestado; retirada do cartão por um motoboy; troca do cartão ao pagar algo na maquininha de débito; repetir a operação na máquina de débito para cobrar em dobro; falso telefonema do banco para pedir dados pessoais; envio de mensagem com link para falso site de compras.
As medidas a serem adotadas pelo consumidor para não cair em truques de falsários podem ser resumidas em dois cuidados básicos.
O primeiro é não fornecer dados quando a iniciativa do contato for tomada por um terceiro. A segunda medida de segurança é redobrar a atenção sempre que for digitar a senha do cartão bancário.
Black Friday cria ambiente para armadilhas
Objetos de desejo dos consumidores ofertados por valores muito abaixo dos preços praticados pelo mercado. Se a promoção é boa demais para ser verdade, há a chance de que ela seja uma armadilha.
Períodos em que a população está mais suscetível a acreditar em vantagens incomuns, como na Black Friday, criam ambientes perfeitos para práticas de golpes financeiros por meio de técnicas de engenharia social.
“É muito improvável que alguém esteja vendendo um iPhone de última geração por R$ 1.000, mesmo assim o consumidor fica tentado pela possibilidade de ter uma grande vantagem e acaba clicando em um link que o direciona para um falso site de compras, onde fornece sua senha e dados pessoais”, diz Walter Faria, da Febraban.
Buscar sites conhecidos para realizar as compras e digitar o endereço diretamente no navegador, em vez de clicar em links recebidos por email ou outro tipo de meio de comunicação, é a forma mais segura de escapar desse tipo de armadilha.
Pessoas pouco familiarizadas com compras online tendem a ser enganadas com mais facilidade. Idosos, por exemplo, estão entre os alvos preferenciais. “Cabe a quem está inserido no mundo digital orientar parentes e amigos que têm mais dificuldade”, comenta Faria.
Consumidores também precisam ficar atentos à URL da página (endereço que aparece no navegador), uma vez que, se um falso site de comércio simular ser uma loja online verdadeira, o domínio será diferente do oficial, orienta Ralf Germer, diretor da PagBrasil. “Também é preciso tomar cuidado com os anúncios nas redes sociais: as promoções verdadeiras são sempre publicadas nas páginas e perfis oficiais das lojas”, diz.
BANCOS ALERTAM | SEIS FRAUDES MAIS COMUNS Criminosos costumam tirar proveito da confiança ou a distração da vítima para aplicar golpes financeiros Os principais bancos do país fizeram descrições das fraudes mais comuns e como evitá-las, confira:
1) Golpe do WhatsApp
Os golpistas descobrem o número do celular e o nome da vítima
Depois, eles cadastram o WhatsApp da vítima nos aparelhos deles
Para concluir a operação, os falsários precisam inserir um código de segurança
O código é enviado por SMS sempre que o WhatsApp é instalado em um celular
Para obter o código, os golpistas mandam uma mensagem por WhatsApp à vítima
A mensagem que pede o código imita um pedido de atualização de cadastro
Com o código, os bandidos conseguem replicar a conta de WhatsApp em outro celular
A partir daí, os criminosos enviam mensagens para os contatos da pessoa
Fazendo-se passar pela vítima, os fraudadores pedem dinheiro emprestado
Como evitar
Habilite, no aplicativo, a opção “verificação em duas etapas”
Acesse “configurações/ajustes”, depois “conta” e “verificação em duas etapas”
Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente
2) Falso Motoboy
O golpe começa com uma ligação de uma pessoa se passando por funcionário do banco
Quem liga diz que o cartão foi clonado e que é preciso bloqueá-lo
Para isso, bastaria cortar o cartão ao meio e pedir um novo pelo atendimento eletrônico
O falso funcionário pede a senha, e fala que, por segurança, um motoboy irá buscar o cartão
O que o cliente não sabe é que, com o cartão cortado ao meio, o chip permanece intacto
Com o chip, a quadrilha consegue realizar compres e outras transações financeiras
Como evitar
Fique atento: nenhum banco pede o cartão de volta ou se oferece para retirá-lo
Ao receber esse tipo de pedido, desligue o telefone e ligue para o banco de outro aparelho
Verifique se no verdadeiro serviço de atendimento se realmente houve alguma irregularidade
3) Troca de cartão
Disfarçado de comerciante, o golpista recebe um pagamento por cartão de débito
Ao entregar a maquininha para digitar a senha, ele usa algum truque para distrair a vítima
Confuso, o cliente digita a senha no campo de valor, em que aparecem os números digitados
Aproveitando a falta de atenção, ele troca o cartão e devolve um similar, do mesmo banco
O consumidor só vai perceber a troca ao tentar usar o cartão novamente
Com a senha e o cartão da vítima, o criminoso pode fazer saques e compras
Como evitar
Fique atento ao seu cartão e sempre confira se realmente é o seu na hora da devolução
Veja se a senha está sendo digitada na tela certa, que mostra asteriscos, nunca números
4) Dupla operação
O falsário finge que o cartão não passou na maquininha e alega um problema do aparelho
Em seguida, ele pega outra maquininha e cobra novamente o valor (o mesmo, ou maior)
O truque só é percebido ao se conferir o extrato, que revela o prejuízo
Como evitar
Baixe o aplicativo do seu banco ou de seu cartão e ligue a notificação a cada compra realizada
Antes de passar o cartão novamente, verifique se o valor da compra está correto
Sempre peça e confira o recibo, para ver se a operação foi realizada corretamente
E, se algo der errado, você sempre pode pedir para cancelar a operação imediatamente
5) Falsa central telefônica
Os bandidos ligam, dizem ser da central antifraude do banco e pedem dados confidenciais
Eles podem usar até recursos tecnológicos, como gravações e menus, iguais aos dos bancos
Informações e senha são usadas para alterar os bloqueios de segurança utilizados pelo banco
Ao vencer essa barreira, os criminosos conseguem limpar a conta bancária alvo do golpe
Como evitar
O banco nunca liga pedindo dados pessoais
Na dúvida, desligue o telefone e avise seu gerente
6) Falsa promoção
A pessoa recebe um e-mail ou mensagem com ofertas tentadoras e atrativas
Os links da mensagem direcionam para falsos sites de compras online
O consumidor fornece dados sigilosos, como número de cartão e senhas
Com essas informações, o bandido realiza transações e desbloqueia cartões
Como evitar
Sempre verifique se o endereço da página é o correto
Para garantir, não clique em links fornecidos por mensagens
Se quiser acessar um site, digite o endereço no navegador
Além disso, também evite abrir anexos de e-mails desconhecidos
Mantenha seu sistema operacional e antivírus sempre atualizados
Prefira comprar pela internet em sites conhecidos
Não use computadores públicos para fazer compras
Não repasse nenhum código de autenticação fornecido por SMS
O mesmo cuidado vale para autenticações enviadas por QR Code
Agora