Para cada R$ 1.000 que brancos recebem de salário, pretos e pardos ganham de R$ 550 a R$ 560
A população que se declara da cor preta foi a única que teve aumento na taxa de desemprego, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (19).
Entre eles, a taxa de desemprego cresceu de 14,5% para 14,9% na comparação entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano.
A taxa caiu de 9,5% para 9,2% no período entre os que se declaram brancos, e de 14% para 13,6% entre os pardos.
Em números absolutos, havia 1,587 milhão de pessoas que se consideram pretas entre os desempregados de julho a setembro deste ano, cerca de 23 mil a mais que no trimestre anterior (1,564 milhão).
Já entre os brancos, cerca de 174 mil pessoas deixaram a fila de desemprego. Eram 4,261 milhão sem trabalho no último trimestre. A população que se declara branca é cerca de 4,5 vezes a que se declara preta.
O total de pardos desempregados recuou em 86 mil, para 6,568 milhões.
Na distribuição dos ocupados por cor, a população que se declara preta teve uma queda de 0,2 ponto percentual, para 9,7%. Pardos são 44,4% da população ocupada, e brancos, 44,9%.
A desigualdade também é visível nos salários. No terceiro trimestre, enquanto o o rendimento médio real de uma pessoa branca chegou a R$ 3.017 (alta de R$ 27 contra os três meses anteriores), houve queda de R$ 12, para R$ 1.660, entre os pretos e de R$ 8, para R$ 1.690, entre os pardos.
Proporcionalmente, para cada R$ 1.000 pago a uma pessoa branca, paga-se cerca de R$ 550 a R$ 560 para um trabalhador preto ou pardo.
No estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, publicada na semana passada, o IBGE apontou que os homens brancos estão no topo da pirâmide dos maiores rendimentos, segundo dados de 2018.
Para cada R$ 1.000 recebidos por esse grupo, eram pagos R$ 758 para mulheres brancas, R$ 561 para homens pretos ou pardos e R$ 444 para mulheres pretas ou pardas.
Ainda segundo dados de 2018, os trabalhadores brancos possuíam em média renda 74% superior aos pretos e pardos, diferença que se manteve praticamente estável ao longo dos últimos anos.
O estudo divulgou que há mais pretos e pardos (50,3%) no ensino superior público no Brasil do que brancos (49,7%). Apesar disso, os números indicam sub-representação do primeiro grupo, uma vez que, na população em geral, 55,8% são negros.
Também há uma menor taxa de ingresso da população preta ou parda no ensino superior: 35,4%, contra 53,2% na população branca.
O IBGE creditou essa diferença à maior proporção de jovens pretos ou pardos que não dão prosseguimento aos estudos por terem que trabalhar ou procurar trabalho. Entre os que tinham de 18 a 24 anos, com ensino médio que não frequentavam a escola por tais motivos, 61,8% eram negros.
Folha de SP