Medo do desemprego entre brasileiros volta a subir em abril, diz CNI
Receio avança mais entre pessoas com menor renda familiar
O receio de perder o emprego voltou a subir entre os brasileiros, segundo índice da CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgado nesta terça-feira (30).
Após encerrar 2018 na maior queda já registrada desde o início da série, em 1996, o índice que mensura o medo do desemprego no Brasil alcançou 57 pontos em abril.
De acordo com a entidade, o número representa uma alta de 2 pontos na comparação com dezembro e está acima da média histórica registrada de 49,9 pontos.
“As pessoas ainda estão com medo de perder o emprego”, diz Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa e competitividade da CNI.
Ainda assim, a avaliação é de que o movimento de piora no indicador é relativamente pequeno diante da melhora observada no fim de 2018.
Em dezembro, o índice do medo do desemprego teve seu maior recuo, com queda de 10,7 pontos ante setembro —quando registrou o valor mais elevado da série.
Segundo Maria Carolina Marques, economista da CNI, se os números não indicam o início de um ciclo virtuoso de melhora contínua nas expectativas da população, sinalizam ao menos uma acomodação em patamares melhores daqueles que vigoravam entre 2015 e 2018.
No recorte dos que têm ganhos familiares acima de cinco salários mínimos (a maior faixa de renda analisada), por exemplo, a situação é outra.
Segundo os dados da CNI, o índice para esse contingente caiu pela segunda vez seguida: em dezembro era de 42,2 pontos, agora está em 39,7.
Das faixas de renda analisadas, no entanto, essa foi a única a ter redução, o que significa que grupos com os menores salários são aqueles com maior receio do desemprego.
Não à toa o avanço mais intenso veio dos brasileiros com ganhos familiares de até um salário mínimo: de 65,8 pontos em dezembro de 2018 para 68,1 pontos em abril.
Em relação às idades, o medo é maior entre os jovens de 16 a 24 anos (62,1 pontos).
Em março, a Folha havia mostrado que um levantamento da LCA Consultores identificou que a oferta de vagas com carteira assinada caiu dramaticamente para os mais jovens.
Segundo os dados da consultoria, o número de vagas formais no setor privado entre jovens de até 24 anos recuou mais de 25% de 2012 a 2018. A redução de postos com carteira assinada no período foi de 1,9 milhão nesse segmento.
A desconfiança do trabalhador refletida no índice da CNI impacta a retomada do consumo, que poderia ajudar na recuperação econômica do país.
“Há uma quantidade enorme de desempregados ou pessoas parcialmente empregadas. Elas se endividaram muito em um período de bonança e vão primeiro pagar as dívidas para depois voltar a consumir”, diz Fonseca.
A pesquisa da CNI também indicou que a satisfação com a vida piorou. O indicador recuou 0,7 ponto, para 67,9 (abaixo da média histórica de 69,7).
Em dezembro, porém, esse número havia avançado 2,7 pontos em relação aos dados da pesquisa de setembro.
Folha de SP