Recuperação dos postos de trabalho virá com investimento
Para reduzir a taxa de desemprego para 5% , precisaremos empregar 7 milhões
Todos tivemos uma boa surpresa com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados na segunda-feira (25).
Ninguém esperava os 173 mil novos empregos com carteira em fevereiro.
Duas perguntas agora são inevitáveis. A primeira: começou a virada? E a segunda: em quanto tempo chegaremos a níveis toleráveis de desemprego?
É muito provável que não se trata ainda de uma virada e a razão é muito simples.
Em geral, as empresas preferem usar horas extras antes de expandir seu quadro de empregados.
As contratações começam a crescer depois de algum tempo de consolidação do faturamento. E isso ainda não ocorreu porque é grande ainda a incerteza.
Tudo leva a crer que a quantidade de contratações nos próximos meses não deverá repetir o número de fevereiro, infelizmente.
Supondo que os números se repitam, quanto tempo precisaremos para reduzir substancialmente os atuais 12% de taxa de desemprego?
Para reduzir a taxa para 5% —um nível "aceitável" —, precisaremos empregar 7 milhões de desempregados atuais e ao mesmo tempo absorver 1 milhão de novos trabalhadores que chegam ao mercado todos os anos.
Se conseguirmos criar 2 milhões de empregos por ano (o que não é fácil), chegaremos aos 5% em sete anos.
Esses números mostram não apenas a gravidade do problema como também a enorme dificuldade para resolvê-lo em prazo razoável.
O que fazer para promover rapidamente o emprego?
Reduzir encargos? Flexibilizar? Subsidiar? Ampliar o crédito?
Isso tudo foi praticado nos últimos governos, mas não deu certo.
Nos governos Lula e Dilma, o país esqueceu de investir e promoveu o consumo e o crédito. Quando atingimos o limite do modelo, o governo flexibilizou a demissão, desonerou a folha. Não adiantou.
O mais importante para um crescimento sustentado, o essencial mesmo, é recuperar o investimento na produção e na infraestrutura.
Quando falamos em investimento, estamos falando em construção de fábricas, estradas, portos, aeroportos, saneamento, usinas elétricas, linhas de transmissão etc.
O investimento cria empregos nos diversos setores da economia porque amplia a demanda por bens e serviços. Ao mesmo tempo, cria empregos diretos na execução das obras de investimento.
Quanto mais cedo recuperarmos o investimento e quanto mais pudermos investir, mais rápida será a recuperação do emprego. Não há outra receita.
Fica uma terceira pergunta: o que está faltando para o investimento voltar? A resposta está em Brasília.
Folha de SP