Valor se refere, apenas, à queda na renda ocorrida em maio, devido à pandemia, segundo levantamento feito por economista do Ipea. A parcela mais prejudicada são pessoas com menor escolaridade, idosas e as que estão no mercado informal (Por Rosana Hessel)
A covid-19 provocou R$ 52 bilhões em perdas salariais no mercado de trabalho em maio, conforme levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem. Sandro Sacchet, pesquisador do Ipea e autor do estudo, informou que a renda média dos trabalhadores formais encolheu 18% no quinto mês do ano, ou seja, o rendimento efetivo foi de 82% do valor habitual, como mostra o quadro ao lado.
Para elaborar o estudo, Sacchet usou como base para o estudo os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua e da massa de rendimentos captada na PNAD Covid-19, ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os trabalhadores informais, mais idosos e com menor escolaridade foram os mais afetados por essa perda nos salários. O levantamento ainda comparou os impactos do auxílio emergencial de R$ 600 na renda familiar.
Pelas contas do técnico do Ipea, a perda da massa total de rendimentos efetivos dos trabalhadores formais foi de R$ 34 bilhões em maio. “Se considerarmos essa queda na renda com as perdas de quem foi demitido em maio, chegamos a um total de perda salarial em torno de R$ 52 bilhões”, destacou. Essa diferença ocorreu sobre a estimativa de R$ 210 bilhões para a renda total esperada sem o impacto da pandemia no mercado de trabalho, ou seja, a massa salarial recuou para R$ 158 bilhões. Continua depois da publicidade
As perdas salariais foram mais expressivas entre os trabalhadores do Sudeste, de 80%. “A região foi a mais afetada pela pandemia em maio. É provável que esse quadro mude nos próximos meses se houver uma evolução maior da covid-19 em outras regiões que ainda não alcançaram o pico de contágio da doença”, explicou Sacchet. No Centro-Oeste, esse percentual da renda média efetiva em relação ao habitual foi o mais elevado, de 86%.
O estudo comparou as rendas em diferentes grupos demográficos e constatou, ainda, que os trabalhadores por conta própria perderam 40% dos rendimentos, enquanto quem tinha carteira assinada recebeu 92% do anteriormente previsto. Os empregados sem carteira assinada, todavia, receberam 76% do esperado. Funcionários públicos foram os menos afetados. Receberam, pelo menos, 95% dos respectivos rendimentos previstos, informou o técnico.
Comparação O estudo também comparou a renda domiciliar e os impactos do auxílio emergencial de R$ 600 destinado aos trabalhadores informais e mais pobres. “O que verificamos é que o auxílio emergencial permitiu manter uma renda apesar da pandemia, mas o impacto sobre a massa de rendimento não foi suficiente para compensar as perdas. Pelas nossas estimativas, o auxílio conseguiu compensar cerca de 45% de toda a perda da massa salarial no mês de maio”, destacou. Ele considerou o valor pago pelo benefício no quinto mês do ano, de R$ 23,5 bilhões, para os cálculos.
Sacchet reconheceu a importância do socorro emergencial, que foi ampliado pelo governo de três para cinco parcelas no combate à desigualdade. “O auxílio emergencial tem ajudado a evitar uma explosão de desigualdade, porque a pandemia foi muito grave. Apesar de não suficiente para minimizar as perdas salariais, esse benefício está sendo fundamental para os domicílios da população mais pobre”, destacou.
Fonte: Correio Braziliense
Commenti