Pesquisa da Serasa mostra também que mulheres e as classe C, D e E foram as mais impactadas com a crise da covid-19
A pandemia de covid-19 causou descontrole financeiro para 4 em cada 10 pessoas no Brasil. Os dados da pesquisa “Bolso dos brasileiros”, realizada pela Serasa em parceria com a Opinion Box, mostram também uma queda no número de brasileiros que conseguem pagar as contas em dia.
O levantamento foi feito com 2.059 pessoas, entre 11 e 22 de fevereiro deste ano, para identificar os impactos causados pela pandemia na população, como o endividamento diante da alta do desemprego e retração econômica.
Com elevação de 50% nos gastos, quando comparado ao início da pandemia, em fevereiro de 2020, foi registrada uma redução na renda para 38% dos entrevistados. "A pandemia trouxe impactos enormes para a vida financeira do brasileiro e esses impactos acabaram se estendendo para outros aspectos. Por exemplo, mais da metade declarou que teve impactos emocionais negativos, por conta da situação", afirma Nathalia Dirani, gerente da Serasa.
Houve queda de 5 pontos percentuais no número de pessoas que conseguiam pagar as contas no vencimento e uma alta de 7 pontos percentuais na priorização de quais contas pagar dentro do prazo, durante a pandemia, sendo que a busca por um equilíbrio mínimo nas finanças veio do corte de gastos.
Neste ano, o endividamento predominante corresponde aos planos de saúde, escolas ou faculdades. Em comparação à pesquisa realizada em 2020, com o mesmo perfil de entrevistados, a compra de mantimentos, gastos de rotina e os cartões de créditos lideravam os níveis de inadimplência, mesmo com o auxílio emergencial oferecida pelo governo.
Em relação a 2021, os serviços de assinaturas viraram essenciais, com o alto índice de pagamentos em dia, devido à recorrência. Já os cartões de crédito, ao contrário do ano passado, aparecem em terceiro lugar, com 74% dos pagamentos em dia.
Classes sociais
De acordo com a pesquisa, alguns perfis foram mais impactados pela pandemia. Mulheres e pessoas das classes C, D e E foram as mais afetadas pela crise não só nas questões financeiras, mas nas emocionais, também, principalmente diante do nome negativado. O desemprego e o endividamento trouxeram impactos no comportamento e nas emoções, como insônia e dificuldades para dormir (73%), além da concentração na execução de tarefas diárias (69%).
“Algumas diferenças históricas, que estavam em processo de diminuição, regrediram devido aos efeitos da pandemia. Fica nítido que, ao comparar os gêneros, as mulheres sofreram impactos mais negativos na vida financeira. Consequentemente, sentiram mais impactos no seu emocional. Da mesma forma, o estudo evidencia que as classes classificadas pelo IBGE como C, D e E sofreram mais, até mesmo por terem menos posses e acesso restrito a alternativas de crédito para enfrentar esse período”, explica a especialista em pesquisa e comportamento do consumidor da Serasa, Jéssica Vicente.
Comportamento
Aspectos positivos em relação às finanças também foram identificados na pesquisa: 71% dos entrevistados dão mais valor a ter dinheiro guardado, agora, do que antes da pandemia; enquanto 64% concordam que aprenderam a cuidar melhor do dinheiro e 54% perceberam que faziam gastos desnecessários.
Porém, o estudo também deixa nítido que a alta de mais de 50% nos gastos consumiu as reservas dos brasileiros que possuíam dinheiro guardado.
Os gastos aumentaram mais de 50% e parte dos brasileiros teve que usar as reservas financeiras para pagar as contas básicas de água, luz e gás. Além disso, o desemprego e o endividamento trouxeram impactos no comportamento e nas emoções, como insônia e dificuldades para dormir (73%), além da concentração na execução de tarefas diárias (69%).
"A vida do brasileiro que já não era fácil ficou ainda mais difícil e, atualmente, o cenário ainda é de incertezas. Infelizmente, os reflexos da crise ainda terão impacto direto nas finanças dos brasileiros nos próximos meses, conclui Nathalia Dirani.
R7
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