Governo consegue arrecadar anualmente 1% do total de créditos que tem a receber
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou nesta terça-feira (26) que pretende retomar operações voltadas ao mercado e ter foco total na venda de fatias de subsidiárias.
O banco pretende vender um percentual de cinco áreas --seguridade, cartões, gestão de recursos (asset), loterias e banco digital.
Este último é um ativo que a Caixa ainda pretende criar, reunindo o patrimônio formado a partir dos serviços prestados pelo aplicativo Caixa Tem e por milhões de contas criadas para o pagamento do auxílio emergencial.
O plano é que parte das vendas seja feita por meio de oferta inicial de ações na Bolsa (IPO, na sigla em inglês). "Nós queremos retomar as operações de mercado de capitais. É um foco total da Caixa realizar os IPOs, inclusive do banco digital", afirmou em evento do banco Credit Suisse.
Ele disse que o banco já se desfez de R$ 56 bilhões em ativos desde 2019, por meio de venda de participações (como ações da Petrobras e do Banco do Brasil detidas anteriormente pela Caixa) ou de devoluções de empréstimos ao Tesouro Nacional.
Mais R$ 10 bilhões em IHCD (Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida) serão devolvidos em 2021 à União, segundo ele. A medida contribui para diminuir o endividamento público.
Para Guimarães, as aberturas de capital são um legado a ser deixado para a instituição. Ele entende que a presença de diferentes acionistas tende a melhorar a governança da empresa por meio de cobranças por decisões mais acertadas.
As declarações de Guimarães são dadas na semana em que outra estatal, a Eletrobras, sofreu um baque na Bolsa após perder o presidente pela falta de andamento no processo de privatização.
Wilson Ferreira Junior pediu demissão após mais de 4 anos na empresa de energia afirmando que a dificuldade em aprovar a privatização da estatal no Congresso, assim como uma descrença pessoal no avanço do processo, o levaram a sair do cargo.
A própria equipe de Guedes já sofreu baixas pela falta de avanço da agenda econômica, originalmente desenhada com privatizações e reformas. Saíram do Ministério da Economia Salim Mattar (ex-secretário de Desestatização) e Paulo Uebel (ex-secretário de Desburocratização).
Mattar costuma culpar o “sistema” pela falta de privatizações, mas em live promovida em setembro do ano passado responsabilizou mais especificamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por não buscar a venda nem de estatais que dependem apenas do Executivo.
Na Caixa, parte das operações vem sendo alvo de tentativas desde 2019, mas o banco tem postergado os planos diante das condições ruins do mercado. Está nessa situação a Caixa Seguridade.
Segundo Guimarães, no entanto, hoje a Caixa já identificou uma demanda total que supera a oferta até agora para a controlada. Por isso, disse que a operação deve ocorrer. "Não faremos [a venda] sem uma precificação correta. Agora, não existe mais dúvida na Caixa Seguridade", disse.
Ele afirmou ainda esperar crescimento superior a 15% no crédito imobiliário em 2021 e que os valores de janeiro já apontam para uma tendência de expansão em relação ao ano passado.
O executivo disse ainda que o banco quer manter agências em todas as cidades com mais de 40 mil habitantes e fechar em locais sem número suficiente de clientes. Neste mês, o Banco do Brasil anunciou um plano de reestruturação que incluía o fechamento de mais de 100 agências que gerou insatisfação de Bolsonaro.
Fonte: Folha
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