Devido à pandemia, o ano de 2020 foi complicado para muitas pessoas e empresas. Houve, no entanto, quem conseguiu crescer mesmo em um cenário caótico. Foi o caso da fintech de cartões de crédito Trigg, que dobrou seu faturamento, aumentou em 80% sua base de clientes e atingiu o chamado "break even", nome dado ao momento em que uma empresa atinge seu "equilíbrio financeiro", quando o total das receitas de uma empresa é no mínimo igual ao total dos gastos. A meta da startup agora é lançar uma conta digital com serviços como investimentos, seguros e linhas de crédito.
"Como demoramos um pouco [a criar a conta], nosso desejo é lançar, já no primeiro semestre, uma conta completa", afirma Wellington Santos, presidente da fintech. Além de oferecer serviços como investimentos, seguros e outras linhas de crédito, além do cartão, a conta terá como diferencial o chamado "cashback" (termo em inglês que significa "dinheiro de volta"). Nesse sistema, parte do que é gasto pelo cliente em algum cartão ou conta digital é "devolvido" para ele. O cartão de crédito da Trigg já oferece esse benefício. Nele, o cliente paga uma anuidade de R$ 10,90 por mês e tem um cashback que varia de 0,25% a 1,30% da fatura, dependendo de quanto ele gasta. Se ele gastar, por exemplo, R$ 1 mil, ele recebe no mês seguinte um "cashback" de R$ 2,50. Já se os gastos aumentarem e ele tiver uma fatura de R$ 2 mil, esse "cashback" pula para R$ 10. Gastando R$ 3 mil, o dinheiro recebido "de volta" na fatura seguinte é de R$ 22,50 e assim por diante.
Na conta digital o sistema será semelhante. "Se o cliente usou a conta e pagou R$ 100 em compras no débito, ele receberá uma porcentagem no mês seguinte", afirma Santos. O dinheiro "devolvido" ao cliente vem da própria Trigg. Ela, por sua vez, se remunera por meio de tarifas, como a anuidade, os juros pagos pelos clientes que atrasam ou parcelam a fatura e até mesmo as taxas que os lojistas pagam nas transações feitas no débito e crédito. A fintech ainda não definiu se a conta será ou não gratuita para todos.
Foco nos desbancarizados
A ideia, segundo Santos, é oferecer o máximo de serviços possível para seus clientes, principalmente porque parte significativa deles é composta por jovens e pessoas que estão tendo suas primeiras experiências no setor financeiro.
O executivo explica que a Trigg é reconhecida por conceder crédito a pessoas sem um "histórico bancário" e com limites maiores do que os vistos no mercado tradicional, justamente para inclui-las no sistema financeiro.
"Acreditamos na primeira vez que a pessoa pega crédito. Somos reconhecidos por juros menores comparados aos concorrente, temos um limite diferente em relação a outros concorrentes — damos limites mais altos — e queremos levar isso para maior número de brasileiros", afirma. Ele reconhece, no entanto, que a empresa também quer "abocanhar e convidar clientes de outras instituições".
Uma das estratégias usadas em 2020 (que, inclusive, permitiu que a companhia dobrasse seu faturamento) foi a de aumentar o limite dos clientes. Embora pareça contraditório em um período de pandemia, Santos explica que a estratégia foi bem-sucedida e a inadimplência não aumentou.
A ideia, segundo o executivo, foi dar crédito a quem perdeu parte ou toda a sua renda e assim permitir que essa pessoa continuasse consumindo, mas pagando em parcelas menores, que cabiam no bolso dele naquele momento. Ele ainda afirma que as pessoas não deixaram de pagar essas faturas porque foi a Trigg quem concedeu o crédito em um momento conturbado e, por isso, eles não podem correr o risco de perder essa linha.
A estratégia, inclusive, continua sendo usada. Santos conta que na última terça-feira (5), a Trigg fez uma ação e aumentou o limite de 20% de sua base de clientes.
Parcerias
Além do cashback, a conta também vai ter outros serviços, como uma área de investimentos. Santos explica que a fintech firmou uma parceria com outra startup do setor (cujo nome ainda não pode ser revelado), que trará mais "expertise" e oferecerá "uma gama de diferentes produtos de investimento".
Ele afirma, no entanto, que embora a companhia vá oferecer diferentes ativos, inicialmente eles estarão mais alinhados com o perfil de público da própria Trigg, com produtos menos agressivos e sofisticados do ponto de vista de mercado.
Outras parcerias que a startup firmou são com seguradoras. A Zurich e a IGS já são parceiras da fintech, mas a ideia é oferecer mais tipos de assistência com o tempo e fechar outras parcerias.
Embora não haja uma data certa de lançamento, a ideia é que ela esteja disponível no primeiro semestre de 2020. Inicialmente, a conta será ofertada aos clientes Trigg. Com o tempo, porém, outras pessoas poderão fazer a abertura.
Fonte: Valor Investe
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