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Foto do escritorSindicato dos Bancários

Itaú, Santander, Bradesco e BB lucram juntos 63% mais no 2º tri, mas qual foi o maior destaque?

Apesar do Santander registrar a maior variação do lucro na base anual, maior parte dos analistas apontou Itaú como destaque positivo; Bradesco decepcionou


SÃO PAULO – Uma alta de 63% dos lucros no segundo trimestre de 2021, a R$ 22 bilhões, na comparação com o mesmo trimestre de 2020, mas uma quase estabilidade frente o primeiro trimestre de 2021.

E, se por um lado, há expectativa de normalização da atividade com a vacinação e revisões para cima de algumas projeções, por outro, sinais de maior concorrência e de aumento de inadimplência seguem no radar, ainda que a níveis controlados e bastante monitorados.

Tendo em vista todas essas indicações no radar, as grandes instituições financeiras diminuíram as suas provisões para calotes e retomaram o ritmo de crédito, conforme mostraram Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander Brasil (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) durante a divulgação de resultados do segundo trimestre de 2021.



“A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do pré-pandemia”, disse o presidente do Bradesco (BBDC3;BBDC4), Octavio de Lazari, na última semana.

Após apurar lucro de R$ 6,5 bilhões no segundo trimestre, o Itaú Unibanco (ITUB4) elevou a perspectiva para o crédito neste ano e passou a prever crescimento de até 11,5%. O destaque positivo entre os resultados, de acordo com a maior parte dos analistas, foi justamente para esse banco, que reportou um lucro líquido cerca de 56% maior na comparação anual, a R$ 6,54 bilhões.

A rentabilidade do Itaú medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido foi a 18,9%, ante 18,5% no primeiro trimestre de 2021, com a surpresa positiva vindo de maior receita líquida de juros (em alta de 2,8%), menores despesas com provisões (queda de 8,2%) e melhores receitas com tarifas (alta de 2,8%), conforme destacado o Bradesco BBI. Contudo, os números foram parcialmente compensados por maiores despesas operacionais (alta de 2,7%) e uma maior taxa efetiva de imposto de 36,2%, apontam os analistas.

A carteira de crédito ficou praticamente estável em relação ao trimestre anterior e atingiu R$ 909,1 bilhões, um crescimento de 12% na base anual. A inadimplência acima de 90 dias ficou estável em 2,3%. Os analistas da Levante apontam que, apesar dessa estabilidade na inadimplência ser positiva, é importante notar que o prazo de diversos empréstimos foi prorrogado. Desta forma, é possível vermos uma deterioração deste número no segundo semestre.

O Itaú também divulgou uma visão mais positiva do guidance, revisando a sua projeção de crescimento do crédito para 8,5-11,5% (de 5,5-9,5% anterior) e receita líquida de juros com o mercado para R $ 6,5-8,0 bilhões (de R $ 4,9-6,4 bilhões), enquanto revisou para baixo seu guidance de encargos de provisão para R $ 19,0-22,0 bilhões (de R $ 21,3-24,3 bilhões). Entretanto, o guidance para a margem financeira com clientes foi mantido em +2,5-6,5%, as receitas com tarifas em + 2,5-6,5%, as despesas operacionais em -2,0 a + 2,0% e a taxa de imposto em 34,5-36,5%.



“Em nossa visão, o Itaú apresentou um conjunto sólido de resultados no segundo trimestre e com melhor qualidade, além de emitir uma revisão positiva do guidance. Continuamos a ver tendências positivas para o lucro líquido de juros nos próximos trimestres, à medida que o crescimento dos empréstimos continue a acelerar devido a uma melhor combinação, enquanto as receitas com tarifas também foram uma surpresa positiva”, aponta o BBI.

A XP destacou que houve uma surpresa positiva no balanço: o banco foi capaz de produzir um resultado sólido e, ao mesmo tempo, melhorou a qualidade dos ativos e o índice de cobertura – relação entre empréstimos inadimplentes e provisões.

Bradesco: seguro pesa sobre o resultado, mas a expectativa é de recuperação

Já na ponta negativa, esteve o Bradesco (BBDC3; BBDC4), cujas ações caíram mais de 4% após a divulgação do balanço. O banco teve lucro líquido recorrente de R$ 6,319 bilhões no segundo trimestre de 2021, aumento de 63,2% ante o mesmo período do ano passado e queda de 3% na comparação com o primeiro trimestre deste ano.

O aumento do lucro ocorreu por diversos fatores, como maiores receitas com prestação de serviços, crescimento da margem financeira com clientes, menores despesas operacionais e menores despesas com provisões para devedores duvidosos. Porém, o número foi abaixo do esperado. Segundo dados compilados pela Refinitiv, a expectativa média dos analistas para o lucro do Bradesco era de R$ 6,454 bilhões.

O desempenho mais fraco do que o esperado reflete principalmente um resultado bem inferior em seguros e mais tímido em crédito.

As operações de seguros, previdência e capitalização tiveram queda de 49,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021 e de 58,3% ante o mesmo período no ano passado, representando R$ 1,57 bilhão. O segmento tinha perspectiva de 2% a 6%, mas após o resultado trimestral, a instituição financeira prevê uma variação entre queda de 15% a 20% para 2021.

O desempenho do segmento foi impactado pela elevação do índice de sinistralidade, que foi afetado pela frequência dos eventos relacionados à Covid-19, por conta do aumento da necessidade de assistência médico-hospitalar, diagnósticos, consultas, internações, eventuais consequências pós Covid-19, retomada dos procedimentos eletivos e indenizações nos produtos de “Vida”.

Contudo, em teleconferência, o banco destacou esperar melhora na área de seguros com redução de despesas a partir da segunda metade do ano, conforme os casos de Covid e internações recuam.



A Levante Ideias de Investimentos também aponta que, apesar de seguir tendências semelhantes aos números vistos pelo Santander (SANB11) e Itaú, o crescimento inferior da carteira de crédito e a maior exposição a seguros que os competidores levaram ao resultado abaixo das expectativas.

A carteira de crédito mostrou expansão de 3% na comparação trimestral, puxada por crédito a pessoas físicas, com alta de 5,7%, e a pequenas e médias empresas, com alta de 4,6%.

O Itaú BBA ressalta ainda que a margem financeira com clientes cresceu em menor velocidade; um avanço de 1,9% na passagem trimestral, resultando em uma leve perda de spread bancário (diferença entre a taxa de juros cobrada aos tomadores de crédito e a taxa de juros paga aos depositantes pelos bancos).

O índice de inadimplência, por sua vez, se manteve em 2,5%. A despesa com previsões caiu 11% entre o primeiro e segundo trimestre, para R$ 3,5 bilhões, ficando 6% abaixo das expectativas da XP, o que compensou parcialmente os resultados fracos, mas prejudicou o índice de cobertura do banco (relação entre empréstimos inadimplentes e provisões), com queda de 500 pontos-base. “Vemos isso como negativo, pois os índices de inadimplência podem aumentar em relação aos atuais 2,5% observados no trimestre, aumentando a exposição do banco”, avaliam.

A Levante ainda apontou que o Bradesco se mostrou focado em melhorar sua eficiência com uma queda de 4,1% nas despesas operacionais no trimestre quando comparado com o segundo trimestre de 2020, um bom número, mas uma desaceleração em relação a redução anual de 4,7% vista no trimestre anterior.

Já as receitas de serviço do banco foram um destaque positivo do resultado, com uma melhora de 10,3% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, atingindo R$ 8,4 bilhões.

Resultados “mistos”

Já na esteira daqueles que divulgaram resultados considerados “mistos”, estão o Santander Brasil e o Banco do Brasil (BBAS3).

No caso do Santander Brasil, o lucro, a princípio, animou os investidores, ficando acima do esperado ao atingir R$ 4,171 bilhões, no segundo trimestre deste ano, o maior nível da história da instituição, quase o dobro na comparação anual e ficando 5,7% acima do esperado pelo consenso Bloomberg.



O ROE ficou em 21,6%, acima dos 20,6% registrados no primeiro trimestre deste ano, e muito próximo à rentabilidade de 21,7% obtida um ano antes, quando excluídos os efeitos das provisões extraordinárias realizadas naquele período.

“O Santander Brasil apresentou um bom conjunto de resultados no segundo trimestre, mostrando tendências positivas no crescimento do crédito, com melhor mix e evolução positiva da receita líquida de juros com clientes, e nas receitas de tarifas, refletindo a melhor atividade econômica”, apontaram os analistas do Bradesco BBI.

Entretanto, os analistas do banco destacaram que as provisões aumentaram no trimestre, enquanto o índice de cobertura diminuiu para 263%, embora a taxa de inadimplência se mantenha relativamente sob controle.

A XP também ressaltou esse ponto. Nos últimos balanços, os analistas já haviam destacado que os resultados poderiam ser pressionados mais à frente, uma vez que a instituição possui um menor índice de cobertura em relação aos seus pares no setor; o banco decidiu não fazer tantas provisões quanto as outras instituições. “No geral, mantemos nossa visão de que o consumo do balanço abaixo do provisionado do Santander não será capaz de sustentar seus ganhos”, avalia a XP.

O Itaú BBA avaliou que os resultados foram positivos, mas ponderou que a margem financeira com clientes alcançou R$ 11,473 bilhões no segundo trimestre, uma alta modesta de 1,6% ante o primeiro trimestre na sequência de menores spreads.

Infomoney

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