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Foto do escritorSindicato dos Bancários

Inoperante há mais de um ano, Avianca Brasil pede falência sem pagar funcionários e credores

Companhia aérea tem dívidas que ultrapassam R$ 2,7 bilhões, mas nenhum ativo


A Avianca Brasil pediu na última sexta-feira (3) que o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decrete a falência da empresa, que está em recuperação judicial desde dezembro de 2018. A companhia aérea está inoperante desde maio do ano passado.

Credores e sindicatos ouvidos pela Folha já esperavam a falência há meses, e pretendem cobrar dos acionistas o pagamento das dívidas da empresa, que superam R$ 2,7 bilhões.

A aérea não quitou nem mesmo os créditos trabalhistas, que têm pagamento preferencial no plano de recuperação judicial. A Avianca Brasil chegou a ter mais de 5.300 funcionários, segundo o sindicato dos aeroviários (trabalhadores em solo) de São Paulo.

A empresa entrou em crise em 2018 e deixou de pagar contratos de arrendamento de aeronaves e motores de sua frota, que chegou a ter mais de 50 aviões, todos alugados. As companhias de leasing donas dos equipamentos entraram na Justiça para retomar os bens, conforme antecipado peal Folha, o que levou a Avianca Brasil a pedir a recuperação judicial em dezembro de 2018. O mercado já previa que o caminho da empresa seria a falência pelo menos desde maio do ano passado, quando a Anac suspendeu o certificado de homologação de transporte aéreo da Avianca Brasil por razões de segurança operacional. À época, a companhia já operava apenas com cinco aviões e em apenas quatro aeroportos (Santos Dumont, Congonhas, Brasília e Salvador). Segundo Reginaldo Mandú, presidente da entidade, a Avianca Brasil deixa de existir oficialmente sem pagar praticamente nenhum de seus ex-funcionários. "Não pagou praticamente nada das dívidas trabalhistas. Vamos entrar na Justiça para que os bens dos donos, os [irmãos Gérman e José] Efromovich sejam usados para quitar as dívidas", afirma ele. Ondino Dutra, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, diz que a entidade já têm processos nos quais pede que administradores e acionistas da Avianca Brasil paguem o passivo trabalhista. Operadores portuários e companhias de leasing, em sua maioria, já desistiram de tentar receber a parte que lhes cabe, segundo pessoas familiarizadas com o caso. Há credores maiores, no entanto, que avaliam a possibilidade de rastrear ativos de José Efromovich, que controlava a Avianca Brasil. Em seu pedido de falência, a Avianca Brasil afirma que a Anac e decisões judiciais que suspenderam o leilão de seus slots (horários de pousos e decolagens) tornaram impossível o cumprimento de seu plano de recuperação judicial. O plano, aprovado em abril do ano passado, previa o leilão de slots da companhia em três lotes em maio. O certame foi questionado na Justiça por credores da Avianca e pela própria Anac, que entendiam que os ativos não poderiam ser leiloados por serem concessões. O leilão foi adiado pela Justiça e só foi realizado em julho, com a participação de Gol e Latam, que arremataram dois lotes por US$ 147 milhões. O evento foi inócuo, no entanto, porque a Anac distribuiu os slots da Avianca segundo seus critérios. Em Congonhas, Azul, Passaredo e MAP levaram os horários. Gol e Latam disputaram os ativos da Avianca Brasil com a Azul, que chegou a fazer um acordo para a compra dos ativos por US$ 105 milhões. A concorrente também fez empréstimos à Avianca e cobrou na Justiça R$ 61,7 milhões referente ao negócio. "Óbvio que se o leilão tivesse ocorrido na data inicialmente prevista (7/5/2019), a recuperanda [Avianca Brasil] não teria perdido o direito ao uso dos slots até a efetiva transferência das UPI’s [Unidades produtivas isoladas, que incluem ativos, mas não dívidas] às arrematantes", diz a petição da Avianca. Com a redistribuição dos ativos pela Anac, segundo a empresa, "o plano aprovado se tornou inexequível", o que justificaria o pedido da falência. No texto, a Avianca Brasil pede à Justiça 60 dias para apresentar a relação de seus ativos. A Avianca Brasil chegou a ser a quarta maior companhia aérea do país, com cerca de 11% de participação de mercado em 2018. Apesar de ter o mesmo nome e de também estar em recuperação judicial, a Avianca Holdings, colombiana, não tem relações com a Avianca Brasil. As empresas são irmãs na origem e por anos tiveram os mesmos controladores, a família colombiana Efromovich, mas sempre tiveram as operações separadas. Além disso, em maio do ano passado uma cobrança judicial acabou afastando os Efromovich do controle efetivo da holding colombiana. O maior acionista da Avianca Holdings, com 51,53% do capital da empresa, é a BRW Aviation, holding dos Efromovich, mas eles perderam o poder de voto na empresa após deixarem de pagar US$ 456 milhões à United. Hoje, a empresa colombiana é controlada pela acionsta minoritária Kingsland.


Folha de SP


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