A Transportes Flores, empresa com sede em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, demitiu 300 funcionários, entre cobradores, motoristas e profissionais de manutenção e operação. As demissões ocorreram nestas quarta e quinta-feira. Apesar de terem sido desligados, os profissionais terão que recorrer à Justiça para receber a rescisão.
O comunicado aconteceu em reunião com os funcionários. Lucas Silva, de 25 anos, que trabalhava na manutenção e estava há quase três anos na empresa, disse que já esperava a demissão:
— A empresa sempre teve esse problema de demitir sem direito a nada e mandar a gente recorrer na Justiça. Graças a Deus, eu já estava trabalhando como entregador e como motorista de aplicativo.
Profissionais que foram demitidos contaram que, desde o início da pandemia, em março, já estavam sendo colocados de licença. O cobrador Diego Roger da Silva, de 31 anos, estava na Flores há nove anos. Ele disse que ficou o mês de agosto de licença. Dia 31, soube da demissão e já começou a procurar emprego:
— Disseram que vão manter o vale-alimentação, mas que a multa rescisória só na Justiça. Eu não tenho outra renda. Desde segunda-feira, estou procurando emprego, mas outras empresas também estão demitindo. Acaba se tornando mais difícil.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Nova Iguaçu (STTRNI), o número de demitidos pode ser maior, chegando a 600, o que é negado pela empresa.
No dia 19 de maio, a desembargadora Glaucia Zuccari, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, após reconhecer o estado de calamidade pública em decorrência da pandemia da Covid-19, concedeu o pedido do STTRNI e deferiu a liminar autorizando o saque do montante depositado na conta do FGTS dos empregados que se encontram com o contrato suspenso. Além disso, foi determinado que a instituição bancária depositária libere o FGTS aos trabalhadores beneficiados pela decisão diretamente mediante apresentação de guia individual fornecida pelo empregador e cópia da liminar.
A empresa recorreu da decisão, mas não conseguiu reverter a liminar.
Em nota, a Transporte Flores informou que "todos os 300 funcionários desligados receberão ticket alimentação até dezembro", e também garantiu os benefícios do FGTS e do seguro-desemprego. A empresa informou ainda que o pagamento das rescisões será efetuado de forma parcelada em acordos individuais na Justiça.
Íntegra da nota da empresa Transporte Flores
A Transportes Flores informa que todos os 300 funcionários desligados receberão ticket alimentação até dezembro. O saque do FGTS e o auxílio desemprego também estão garantidos.
O pagamento das rescisões será efetuado de forma parcelada em acordos individuais na Justiça. A medida é necessária para que a empresa possa continuar prestando seus serviços em meio à crise econômica que atinge o setor, agravada pela pandemia.
A Flores se solidariza com os trabalhadores e espera que o setor se recupere em breve da grave situação econômica vivida atualmente.
Nos últimos cinco anos, 15 empresas de ônibus fecharam no Rio de Janeiro, como resultado de redução das tarifas e de passageiros neste período.
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