Governo adotou cautela após reações contrárias às alterações em carreiras e salários
Depois de adiar por duas vezes o envio da reforma administrativa, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (18) que quer entregar ao Congresso uma proposta suave para os servidores públicos.
"Amanhã eu tenho uma reunião [sobre o assunto] cedo, a previsão é entregar, a previsão, pode ser que entregue amanhã para eu dar uma olhada. Conversei com Paulo Guedes à tarde de novo, quero mandar uma proposta a mais suave possível. Essa é que é a ideia", disse ao chegar ao Palácio da Alvorada.
Na manhã de segunda, o presidente afirmou que não tem pressa para encaminhar o projeto para o Congresso e que aguarda uma melhora no clima político no Poder Legislativo para evitar uma reação negativa à proposta.
A apresentação do texto, elaborado pela equipe econômica, estava prevista para os próximos dias. A articulação política do Palácio do Planalto, no entanto, recebeu sinais de resistência à medida tanto de parlamentares de direita como de esquerda.
"Está no forno. Está no forno, pô. Para que tanta pressa? Não to entendendo", disse o presidente, ao ser perguntado pela imprensa no Palácio do Planalto. "Tem que mandar para lá para ter menos atrito possível. É só isso", acrescentou.
No domingo (17), Bolsonaro disse que a proposta deve levar mais tempo para ser concluída. Nos últimos dias, o ministro Paulo Guedes (Economia) também adotou posição de cautela e segurou a apresentação da reforma.
"Eu falei um pouco ontem e fizeram uma festa", disse o presidente nesta segunda-feira (18) em reação à repercussão de sua declaração no final de semana.
A proposta altera carreiras e salários dos servidores públicos. Ela é considerada sensível porque atinge uma categoria de trabalhadores que tem forte lobby no Legislativo. A frente parlamentar do serviço público tem 255 deputados, o que corresponde a quase metade dos 513.
Até os últimos dias, a equipe econômica trabalhava com a divulgação na próxima terça-feira (19). Diante da forte resistência, o Palácio do Planalto cogita deixá-la para o próximo ano. A principal preocupação é a de que, diante da deflagração de protestos na América do Sul, a iniciativa gere manifestações também no Brasil.
Folha de SP