BC divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira, que aponta um aumento no crédito para famílias e queda no crédito para grandes empresas.
A rentabilidade das instituições financeiras continua crescendo, mas demonstra sinais de desaceleração, segundo informou nesta quinta-feira (10) o Banco Central do Brasil.
No Relatório de Estabilidade Financeira, o BC disse que “os aumentos da rentabilidade no primeiro semestre de 2019 foram influenciados pela retomada gradual do crescimento da carteira de crédito, com maior participação do crédito às famílias e às PMEs [pequenas e medias empresas]”.
Segundo o Banco Central, a tendência de desaceleração da rentabilidade “deve-se ao esgotamento da redução das despesas de provisão e da expectativa de retração dos ganhos de eficiência operacional”. As provisões são reservas dos bancos para cobrir eventuais perdas com devedores. A redução dessas reservas foi um dos fatores que influenciaram o elevado aumento da rentabilidade dos bancos em 2018.
O diretor de Fiscalização do Banco Central, Paulo Souza, disse que para os bancos manterem a rentabilidade, devem aumentar o volume de crédito ou alterar a composição da carteira de crédito. “Ou você aumenta o volume das operações que tem hoje ou parte para linhas [de crédito] mais arriscadas para tentar ter um retorno maior”, afirmou.
Sobre as provisões, que influenciaram o aumento da rentabilidade em 2018, Souza acredita que elas chegaram a um nível que não deixa muita margem para serem reduzidas. Segundo ele, com o aumento da inadimplência em 2015 e 2016 essas reservas para perdas aumentaram muito, o que permitiu a redução dessas reservas em 2017 e 2018, mas agora eles estão em um nível que o BC considera normal.
Crédito
O relatório aponta que o ritmo de crescimento do crédito às famílias é o mais elevado desde o final de 2015 e que o avanço é favorecido pelas taxas de inflação e de juros historicamente baixas, e pelo aumento médio da confiança do consumidor nos últimos quatro anos.
O documento dá destaque para as modalidades voltadas ao consumo, que avançam em ritmo semelhante ao início da desaceleração do mercado de crédito em 2012. Segundo o BC, “o crédito às pessoas físicas deve continuar em ascensão”.
Já o crédito para as empresas voltou a recuar, mas esse recuo foi compensado, segundo informou o Banco Central, pelo forte crescimento do financiamento através do mercado de capitais, com a emissão, por exemplo, de debêntures.
Reforma da Previdência
O BC informou ainda que o mercado financeiro permanece apreensivo em relação a atrasos ou interrupções na aprovação da reforma da Previdência, mas a preocupação perdeu força após a reforma ser aprovada na Câmara dos Deputados. A instituição destaca, no entanto, que os riscos políticos-fiscais ainda são a maior preocupação do mercado financeiro.
“Os riscos político-fiscais, embora ainda predominantes na pesquisa, apresentaram importante redução, refletindo a aprovação da reforma da previdência na Câmara dos Deputados. A percepção sobre ciclos econômico e financeiro apresenta-se moderadamente positiva”, afirmou o documento.
O documento destaca ainda que os riscos associados ao cenário internacional ganharam importância na última pesquisa, em decorrência do acirramento das tensões comerciais entre EUA e China e das preocupações crescentes com a desaceleração da atividade econômica global.
G1