Integrantes do movimento sindical não concordam com venda de unidades com valores abaixo do mercado
Os diretores da Associação Brasil (AB) ligados ao movimento sindical reivindicam uma nova assembleia dos sócios, para a realização de um planejamento estratégico afim de solucionar os problemas financeiros da entidade. O objetivo é manter uma AB nacional, com clubes em todos estados do Brasil, e infraestrutura necessária para receber os associados de outras localidades e ser atrativo até para novos associados. Já os diretores ligados aos aposentados, querem vender todas as unidades e permanecer apenas com a de Curitiba, onde eles moram.
O objetivo da assembleia também seria uma reforma estatutária, para que em caso de dissolução dos bens da associação, seja de direito dos associados que contribuem mensalmente.
No leilão das unidades, realizado no dia 9 de setembro, foram apresentadas propostas abaixo do valor real. Com isso e a falta de um plano estratégico, a comissão de venda, formada pelos 16 integrantes da direção da AB, realizou uma votação para vender ou não. O resultado foi 8 a 8, o que inviabiliza as vendas nesta oportunidade.
Porém, nesta segunda-feira (16), em reunião realizada em Curitiba, o presidente da AB optou por decidir o pleito no Conselho de Administração. Embora, na assembleia que aprovou a venda de nove clubes, ficou definido que a comissão de venda deveria aprovar, o que não aconteceu. Essa mesma assembleia aprovou a venda de apenas nove clubes, mas uma parte da diretoria quer utilizar a palavra preferencialmente, para vender todos os clubes. Medidas judiciais estão sendo tomadas para impedir essa decisão.
“As unidades não foram vendidas por falta de planejamento estratégico e por uma insegurança jurídica, pois a assembleia que aprovou a realizações da venda, permitiu o leilão de apenas nove unidades e alguns diretores querem incluir todas no negócio. Por isso, precisamos de uma nova assembleia, para discutir essas vendas, além de realizar uma mudança estatuária, para que em caso de dissolução, o patrimônio vá para os associados”, afirmou Rubens Branquinho, diretor da AB.
Os oito integrantes que não concordaram, deixaram muito claro que enquanto não for cumprido o acordo da composição da chapa única e das condicionantes colocadas na oportunidade, não irão homologar mais nenhuma venda. “Pelo menos duas delas, como a assembleia para mudança de estatuto, que em caso de dissolução o patrimônio vai para a União, nós entendemos – com pareceres jurídicos, inclusive – que o patrimônio deva ir para os sócios. Nós queremos também planejamento estratégico, para mudar os rumos da entidade”, explicou Sérgio Siqueira, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e membro do Conselho Fiscal da AB.
Túnel do Tempo
A Associação Bamerindus, hoje Associação Brasil, foi criada nos anos 1950, como Caixa Assistencial. Na década de 1960, a Caixa Assistencial passou a chamar Associação Bamerindus e as atividades da Caixa Assistencial passaram para Apaba. A ideia era criar uma forma de recreação e lazer para seus funcionários. Durantes décadas, ela cumpriu seu papel tendo seu auge nos anos 1990, com festas e shows, como a BamerinFest (em Curitiba), Rock na Praia (em Florianópolis), Festa do Vinho e do Queijo (São Paulo), entre outras. Caravanas de todo o Brasil participavam, cada estado com uma cor de camiseta diferente. Passaram por lá, artistas como Gilberto Gil, Paralamas do Sucesso, Titãs, Daniela Mercury, Barão Vermelho, Cássia Eller, entre outros.
Um pouco antes da vinda do HSBC, os eventos começaram a perder sua força. Depois disso, há uns 15 anos, a entidade começou a declinar culminando com a retirada do aporte que o banco HSBC dava mensalmente para a sobrevivência da AB, de 350 mil reais mensais, que o Bradesco passou a não contribuir.
Alguns integrantes do movimento começaram a fazer parte da direção da AB sempre em um número pequeno. E, sempre com a proposta de que iam no sentido de ter uma AB que andasse com suas próprias pernas sem precisar de aporte do banco, com uma modernização, construção de chalés em alguns clubes, convênios e a volta das festas – dentre outras propostas -, que nunca foram atendidas.
Despois da retirada da contribuição e sem nenhuma atitude sequer para uma recuperação, vemos a maioria dos clubes em estado de semiabandono. Alguns tiveram que ser vendidos para pagar dívidas. Apesar de toda essa situação, existem, por exemplo, funcionários com altos salários, absolutamente fora da realidade. A última tentativa de uma recuperação da entidade foi em junho do ano passado, quando foi formada uma chapa-única, desde que fossem atendidas as seguintes condicionantes. Porém, nenhuma delas foram cumpridas. Tais como:
1. Reforma estatutária como prioridade;
2. Revisão do Regimento Interno tornando a AB mais atrativa e viável;
3. Realizar Planejamento estratégico de Gestão para pensar a AB como um todo;
4. Contratação de Empresa de administração especializada (acabar com o atual modelo de administração geral);
5. Coordenação paritária de todos os clubes (pelo menos uma indicação de cada);
6. Implantação do processo de reestruturação e modernização dos clubes;
7. Ação permanente de atração de novos sócios;
8. Gestão de captação de parcerias e convênios;
9. Associação com outras empresas para utilização dos Clubes (convênios coorporativos);
10.Parcerias com outros clubes para atendimento aos associados em regiões não assistidas;
11.Promoção de eventos e atividades sociais e esportivas;
12.Convênios com empresas de planos de saúde, seguros, previdência, clube de vantagens e etc, como forma de ofertar aos associados e comissionar a AB. Atualmente, oito membros da direção da AB são oriundos do movimento sindical: João Analdo (SP/MS), Liliane Fiuza e Sérgio Siqueira (SP), Rubens Branquinho (RJ), Jorge Ferreira e Valdir Lau (PR), Lucio Paz (RS), Geraldo Rodriges (BH).
Contraf