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1 em cada 4 empresas do setor de serviços avalia demitir, segundo FGV

Sondagem mostra que muitas adiaram pagamento de tributos e poucas pegaram crédito


Uma em cada quatro empresas do setor de serviços avalia demitir ou até encerrar as atividades quando acabar o período de vigência dos programas emergenciais relacionados à manutenção do emprego do governo federal, segundo sondagem realizada pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Entre as empresas prestadoras de serviço que adotaram algum tipo de medida para preservar o emprego durante a pandemia, como redução de jornada e salário ou suspensão temporária de contrato, 55% dizem que vão fechar ou não conseguirão assumir totalmente a folha de pagamento.

Considerando todos os setores pesquisados (indústria de transformação, comércio, serviços e construção), metade das empresas não adotou medidas de proteção ao emprego, enquanto outras 35% adotaram e dizem que podem agora assumir a folha integralmente.

Já 10% das empresas pretendem demitir até 20% dos quadros, 5% afirmam que vão demitir mais do que esse percentual e 1% cogita encerrar suas operações quando acabar o período de validade dessas medidas.

O levantamento mostra também uma correlação, em quase todos os segmentos, entre procura por esse e outros programas governamentais lançados durante a pandemia, dificuldade de voltar a pagar tributos e de assumir novamente os custos da folha de pagamento.

Esses são os três quesitos que fizeram parte dessa rodada da sondagem empresarial.

Entre os serviços, quase 90% das empresas nos segmentos de alimentação, alojamento e transporte rodoviário recorreram a programas como crédito para manutenção de emprego ou outra finalidade, redução de jornada e salário, suspensão temporária de contrato de trabalho ou postergação de pagamento de tributos, entre outras medidas do governo federal.

A postergação de tributos é citada por 50% das empresas.

Esses são também os três segmentos dos serviços com maior percentual dos que vão demitir: alimentação (39%), alojamentos (34%) e transporte rodoviário (37%).

Nesse último quesito, também se destaca a situação da indústria de bens duráveis (31,7%), o que inclui as montadoras de veículos (27%), e o segmento da construção civil de edificações não residenciais por conta de paralisação em obras de infraestrutura.

Os percentuais de quem espera demitir são menores na indústria de alimentos e nos hiper e supermercados, cerca de 5% em ambos, segmentos que foram menos afetados pela pandemia por conta da produção e venda de itens essenciais.

A expectativa de demissões também é mais baixa no segmento de edificações residenciais (6%), que tem mantido o ritmo de produção durante a crise.

“Essa dificuldade de assumir a folha de pagamento está nos mesmos setores que foram os mais afetados, que tiveram de utilizar mais os programas do governo e que estão com mais dificuldade de se recuperar em 2020”, afirma Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do Ibre.


MAIORIA ESPERA VOLTAR A PAGAR TRIBUTOS EM 2020; POUCAS PEGARAM CRÉDITO

Depois da redução de jornada e salários, usada por 42% das empresas, a segunda medida do governo mais utilizada foi o adiamento no recolhimento de tributos (36%), permitido pelo governo federal e por algumas outras administrações locais.

Dessas empresas, 84% afirmam que devem retomar os recolhimentos ainda neste ano e 7%, em 2021. Os outros 9% se dividem entre os que avaliam que precisarão de algum programa de refinanciamento e os que não sabem quando deverão pagar.

“Há uma certa volta da capacidade contributiva. Esses 84% nos surpreenderam. A gente esperava algo em torno de 75%, que foi o que a gente conseguiu calibrar com base em crises passadas”, diz Juliana Damasceno, pesquisadora da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV.

“A gente esperava que a inadimplência e a falência fossem pesar muito e que, com a recuperação que não é tão vigorosa, que as expectativas fossem piores, pois a última coisa que se pensa em termo de fluxo de caixa é no pagamento de tributos.”

Segundo ela, o fato de o auxílio emergencial ter como destino, em grande parte, o consumo, faz com que parte desses recursos retornem ao governo por meio do recolhimento de tributos. “Em muitos estados, existe um receio de que a arrecadação despenque na ausência de um auxílio emergencial. A redução do valor ou suspensão é algo que preocupa muito esses gestores”, afirma Damasceno. O levantamento mostra ainda que a suspensão temporária do contrato de trabalho foi utilizada por 31% das empresas ouvidas. Houve baixa utilização de linhas de crédito: 9,6% nos empréstimos para manutenção de emprego e 5,7% para outras finalidades. Entre os setores, o programa de crédito para manutenção de emprego se destacou na construção (18%), o dobro da média geral. Entre os segmentos, na indústria de vestuário (68%), percentual muito acima dos demais, que não ultrapassaram 30%, com destaque também para os serviços de alimentação (25,5%) e a indústria de veículos (22,5%).


Folha de SP


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